2ª Palestra – Lucivam Conde
Acesso ao currículo de Lucivam Conde
Com a expertise de Jucivam Conde, este encontro foi um convite à ação. Profissionais explorarão as práticas sustentáveis mais aplicáveis ao contexto regional, discutindo o impacto ambiental de suas atividades e as estratégias mais eficazes para minimizá-lo.
A cereja do bolo será a simulação de um projeto sustentável: equipes desenvolverão soluções que integram harmoniosamente sustentabilidade e inovação, apresentando suas propostas e fomentando um ambiente de aprendizado colaborativo. A discussão abrangerá tecnologias e métodos sustentáveis que já estão remodelando o setor.
Resumo da Palestra
Sustentabilidade e Responsabilidade Profissional: Uma Análise Aprofundada para Jornalistas de Tecnologia
A palestra sobre sustentabilidade, com foco na prática profissional, especialmente na engenharia, oferece um panorama rico para aprofundar a discussão sobre a responsabilidade do setor tecnológico na construção de um futuro mais equilibrado.
I. A Essência da Sustentabilidade e Suas Dimensões
A sustentabilidade transcende a mera conformidade legal, posicionando-se como um princípio orientador para o desenvolvimento. Sua definição central – "atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades" – ressalta um compromisso intergeracional. No contexto profissional, isso se desdobra no chamado "tripé da sustentabilidade":
Econômico: Não se trata apenas de lucro, mas de modelos de negócios que promovam prosperidade a longo prazo, investindo em inovações que reduzam o impacto ambiental e gerem valor social.
Social: Envolve a garantia de equidade, inclusão e bem-estar para todas as partes interessadas, desde colaboradores e comunidades locais até a sociedade em geral, considerando condições de trabalho justas, saúde e segurança.
Ambiental: Foca na preservação dos recursos naturais, na redução da poluição e na manutenção da biodiversidade. Isso implica em otimização do uso de energia e água, gestão de resíduos e minimização da pegada de carbono.
II. A Responsabilidade Profissional na Engenharia e Tecnologia
A palestra sublinha a ética e a responsabilidade como elementos intrínsecos à prática profissional. Para engenheiros, isso se traduz em uma postura proativa que vai além do mínimo exigido pela legislação. A responsabilidade profissional em sustentabilidade demanda:
Visão Sistêmica e Global: As ações locais de engenharia e tecnologia têm repercussões globais. Um engenheiro de produção, por exemplo, deve não apenas otimizar processos internos, mas também considerar a cadeia de suprimentos, o consumo de recursos e o destino final dos produtos em uma escala global. A palestra exemplificou a importância de conhecer todo o processo, desde a aquisição da matéria-prima (como o aço) até a destinação dos resíduos (como as rebarbas que vão para a fundição), para entender e otimizar cada etapa.
Inovação e Pesquisa Contínua: A busca por alternativas sustentáveis não é um caminho "pronto". Requer pesquisa, desenvolvimento e criatividade para encontrar soluções para cada tipo de material e processo. A capacidade de transformar resíduos em novos insumos (como o exemplo da reciclagem de restos de tinta para produzir novas tintas de menor custo) é um testemunho da engenharia aplicada à economia circular.
Educação e Conscientização: O profissional deve ser um agente de mudança, não apenas aplicando as melhores práticas, mas também disseminando o conhecimento e incentivando a cultura da sustentabilidade dentro de suas organizações e com seus pares.
III. A Pegada Ecológica: Detalhando o Impacto Tecnológico e Industrial
A "pegada ecológica" serve como um indicador crucial do consumo de recursos. A análise de setores específicos, conforme destacado na palestra, revela a urgência de uma atuação profissional mais consciente:
- Setor de Energia (73% das emissões globais): O engenheiro de energia ou de sistemas deve focar em eficiência energética, desenvolvimento de fontes renováveis (solar, eólica), e soluções de armazenamento. Na tecnologia, a otimização de data centers e a redução do consumo de dispositivos eletrônicos são imperativos.
- Consumo de Carne (1kg de carne bovina = 60kg de CO2): Embora não seja uma área direta da engenharia tradicional, a tecnologia pode otimizar a produção de alimentos, desenvolver alternativas de proteínas e criar sistemas de rastreamento que promovam cadeias de suprimentos mais sustentáveis.
- Plástico (4% das emissões globais; 80% do lixo marinho): Engenheiros de materiais e de produção têm um papel central no desenvolvimento de bioplásticos, plásticos biodegradáveis, e na concepção de embalagens que facilitem a reciclagem ou a reutilização.
- Transporte (16% das emissões globais): A engenharia automotiva e de transportes impulsiona a eletrificação de veículos, o desenvolvimento de transportes públicos eficientes e a infraestrutura para energias limpas. A tecnologia contribui com otimização de rotas e sistemas de gestão de frotas.
- Indústria da Moda (10% das emissões globais; alta consumidora de água): Engenheiros têxteis e de produção podem focar no desenvolvimento de fibras sustentáveis, processos de tingimento com menor consumo de água e energia, e na criação de modelos de negócio que promovam a durabilidade e a reciclagem de roupas. A tecnologia entra com rastreabilidade da cadeia de produção e design para circularidade.
IV. Superando Desafios: Da Consciência à Prática Profissional
A palestra identificou um desafio comum: a lacuna entre a consciência sobre a sustentabilidade e a sua aplicação prática, muitas vezes ofuscada pela pressão por resultados e pela limitação da legislação. Para superar isso, é fundamental:
- Integração no Core Business: A sustentabilidade não pode ser um apêndice, mas um elemento central da estratégia e das operações empresariais. Isso exige liderança, investimento e uma cultura organizacional que valorize a responsabilidade ambiental e social.
- Além da Legislação: A legislação estabelece um piso, não um teto. Profissionais e empresas devem buscar constantemente inovações e práticas que excedam os requisitos legais, antecipando tendências e padrões globais.
- Colaboração e Parcerias: A complexidade dos desafios de sustentabilidade exige colaboração entre diferentes setores, empresas, universidades e governos para desenvolver e implementar soluções escaláveis.
V. A Economia Circular: Um Paradigma para a Engenharia Sustentável
A Economia Circular é apresentada como a principal ferramenta para a materialização da sustentabilidade na engenharia. Ela contrasta radicalmente com o modelo linear ("extrair, produzir, usar, descartar"), propondo um fluxo contínuo de valor. Seus princípios incluem:
- Design para Durabilidade e Reciclabilidade: Produtos são projetados para durar mais, serem facilmente reparados, reutilizados e, ao final de sua vida útil, seus materiais serem reintegrados ao ciclo produtivo.
- Manutenção, Reuso e Reparo: Prioriza-se a extensão da vida útil dos produtos através de serviços de manutenção, programas de reuso e reparo.
- Reciclagem de Alta Qualidade: Quando o reuso não é possível, a reciclagem deve garantir que os materiais mantenham seu valor e qualidade, evitando a downcycling (reciclagem para materiais de menor valor).
- Uso de Recursos Renováveis: Minimização da dependência de recursos finitos e maximização do uso de energias e materiais renováveis
Em suma, a sustentabilidade e a responsabilidade profissional são intrinsecamente ligadas na engenharia e na tecnologia. Elas exigem uma mudança de mentalidade, um compromisso com a inovação e uma compreensão profunda dos impactos de cada ação, visando um legado positivo para as futuras gerações.